sábado, 28 de abril de 2012

RESCÚPORIS II (12 – 19 d.C.)

Rescúporis II (também conhecido como Rescúporis III devido aos reis trácios de outras linhagens com esse nome) foi um príncipe trácio do início do Império Romano, rei dos sapeanos e odrísios em associação com seu sobrinho o rei Cótis III 12 a 19 d.C. Ele era filho de Cótis II, o irmão de seu antecessor Remetalces I, e pai de um de seus sucessores, Remetalces II. Em 6, durante a grande revolta da Ilíria, ele se uniu às forças romanas para combater na Macedônia os dálmatas e panônios. Quando o rei Remetalces I morreu no ano 12, seus estados, aliados de Roma, foram divididos sob ordenamento do imperador Augusto em duas partes e repartidas entre o filho, Cótis III, e o irmão, Rescúporis II, do rei falecido. Cótis recebeu a região mais desenvolvida, perto da costa e das colônias gregas. Rescúporis, a selvagem e inculta região do interior, exposta a ataques hostis dos povos vizinhos. Segundo o historiador romano Tácito (55-120 d.C.) na sua obra Annales os dois reis tinham caráter muito diferente: Cótis tinha um temperamento gentil e amável; já Rescúporis era feroz e ambicioso e não tolerava o colega de realeza. Mas, isso pode apenas significar que Cótis era mais subserviente à Roma do que Rescúporis.
1948 Cotys III (XI) & Rhaescuporis II (IV) Reges Thraciae AE
Moeda trácia do tempo do reinado conjunto de Cótis III e Rescúporis II
Ainda no início da realeza conjunta, eles viviam em uma frágil amizade, mas logo Rescúporis ultrapassou seus limites e se apropriou de terras de Cótis, usando a força quando seu sobrinho o resistiu, embora um tanto timidamente, pois temia o imperador Augusto, que, tendo criado os dois reinos poderia vingar qualquer desafio ao seu arranjo. Quando, contudo, Augusto faleceu (14 d.C.), ele deixou soltos bandos de salteadores que arrasaram as fortalezas, como uma provocação para a guerra. Os reis rivais começaram a se preparar para o confronto. O novo imperador romano, Tibério, não queria perturbação em suas fronteiras e enviou um emissário para convencer os reis a não resolverem suas pendengas por meio das armas, mas por negociações pacíficas. Cótis se desfez imediatamente das forças que ele havia preparado. Rescúporis, fingindo seguir seu exemplo, pediu um lugar de encontro onde, segundo ele, poderiam resolver suas diferenças por uma negociação. As negociações foram feitas, mas Rescúporis não tinha intenção de seguir o acordado. Rescúporis, para ratificar o tratado, propôs um banquete. Quando o festim chegava a tarde da noite e Cótis, já relaxado pelo vinho e sem suspeitar de perigo, foi aprisionado por Rescúporis. Mesmo Cótis tendo apelado para o caráter sagrado de um rei, aos deuses de sua casa comum, e à sua condição de hóspede, Rescúporis seguiu seu intento.
Couraça trácia encontrada na Bulgária
Tendo assim se apoderado de toda a Trácia, escreveu para Tibério que uma conspiração tinha sido formada contra ele, e que ele havia se antecipado a sua concretização. Enquanto isso, sob o pretexto de uma guerra contra as tribos dos bastarnas e citas, ele fortaleceu-se com novas forças de infantaria e cavalaria. O Imperador respondeu que se não houve traição em sua conduta, ele poderia confiar em sua inocência, mas nem ele nem o Senado poderiam decidir sobre o certo ou errado de sua causa sem ouvirem a seu sobrinho. Latínio Pando, propretor de Mésia (província vizinha da Trácia), foi enviado para a Trácia com soldados a quem o rei aprisionado deveria ser entregue sob custódia e levado a Roma. Rescúporis, hesitando entre o medo e a raiva, preferia ser acusado de um crime consumado e não de uma tentativa de crime. Ele ordenou que Cótis fosse assassinado e falsamente anunciou sua morte como suicídio. A viúva e os filhos de Cótis exilam-se na Ásia. O Imperador não mudou seus planos. Com a morte de Pando, a quem Rescúporis acusava de ser seu inimigo pessoal, ele nomeou para o governo da Mésia Pompônio Flaco, um soldado veterano, especialmente por causa de sua intimidade com o rei e sua conseqüente capacidade para capturá-lo.
Representação do casamento simbólico de um rei trácio com  uma deusa
Chegando na Trácia, Flaco tentou induzir, por grandes promessas, o Rei a ir a Roma, mas ele hesitou em ir à corte imperial. Flaco, então, o cercou com uma grande força armada sob o pretexto de mostrar-lhe honra e os tribunos e centuriões. Desta forma evidenciou ao rei trácio que ele estava num cativeiro incontestável. Ciente de sua situação desesperadora, Rescúporis “permitiu-se” ser levado a Roma. Ele foi acusado perante o Senado por Antonia Trifena, esposa de Cótis, de ter mandado assassinar seu marido e por ser forçada a viver em exílio. O imperador Tibério o condenou ao exílio no Egito; Rescúporis ia ser um prisioneiro mantido longe de seu reino. A Trácia foi dividida entre Remetalces II, seu filho, que, ficou provado, que se tinha oposto aos projetos de seu pai, e os filhos de Cótis, Remetalces III e Cótis IX. Como estes ainda eram menores,Trebelieno Rufo, um ex-pretor, foi nomeado para administrar o reino juntamente com a rainha Antonia Trifena. Rescúporis foi removido para Alexandria, e ao tentar fugir ou falsamente acusado de tentativa de fuga, foi assassinado. 

 FONTES:
http://en.wikisource.org/wiki/The_Annals_(Tacitus)/Book_2#64 http://fr.wikipedia.org/wiki/Rhescuporis_III http://www.athenapub.com/thrace1.htm
http://www.europost.bg/article?id=4151

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